Sabe quando você passa uma vida passando na frente de um lugar e nunca tenta saber nada a respeito ou visitá-lo? Essa é minha relação com o Museu da Casa Brasileira, uma construção belíssima no meio da Avenida Brigadeiro Faria Lima. Até já almocei em seu restaurante anos atrás, mas não nunca realmente visitei o museu. Hoje fui disposto a visitá-lo e almoçar lá, mas como a espera já estava em uma hora resolvi ir ao Red Lobster (recomendo!!!) após o museu.
Havia três exposições interessantes, uma delas mostrando tipos e métodos de construções pelo Brasil. Os métodos de construção era bem rústicos, contando uma história de sua evolução através de várias montagens e vídeos. As diversas fotos nas paredes mostravam construções contemporâneas pelos Brasil afora. Não havia créditos para o(s) fotógrafo(s) então dá para saber se é possível consultar a coleção pela internet. De qualquer forma, a vista ao museu vale à pena. Vi fotos que de moradias que me lembraram a infância, quando visitava meus avós em Carapicuíba e parecia que andava décadas para trás (tijolos de barro, casas de madeira, chão de cimento encerado…). Gostei de um barco com um barraco em cima. Criativo.
A coleção fixa mostrava algumas peças de decoração bem interessantes (esse é o busto de Renata Crespi) e a história da urbanização paulistana no começo do século 20. Gostei da história de Fábio Prado (visionário!) e também do projeto do bairro Jardim América. Há uma mapa do loteamento, mostrando o que na época havia sido comercializado ou não, com todos os terrenos recortados e as ruas do lugar. No papel tudo parecia fazer sentido, com alguma simetria em relação a uma praça central. Ainda assim fiquei encucado… não daria para ser paralelas e transversais? Dá vontade de voltar no tempo e perguntar. É projeto de um inglês, Barry Parker, que provavelmente estava pensando na qualidade de vida dos moradores, não nos carros.
Os jardins do museu são divertidíssimos, com várias obras e brinquedos para a criançada. Dá para descansar ou suar de tanto brincar. As fotos falam por sim mesmas e me permitem voltar à linha principal da visita… a terceira exposição, chama Cooperativas Habitacionais no Uruguai – Meio Século de Experiências. Ainda que eu apóie projetos habitacionais populares, enquanto conceito, não tinha encontrado algum que pudesse falar que deu certo. Parece que o Uruguai acho um meio termo entre deixar que as pessoas se virem e inundar a construção popular de subsídios e doações. Para começar 15% do valor das obras precisam ser aportados por meio de dinheiro (mais recentemente) ou mão de obra pelo futuros moradores. O governo oferece empréstimos e as obras são geridas ou tocadas pelos cooperados. O que achei fascinante (além dos 15%) é a necessidade de um projeto arquitetônico e urbanístico aprovado, levando sempre em conta a qualidade de vida local. Os arquitetos, preciso pesquisar como, projetaram prédios bonitos e funcionais. Não se vêem esses caixotes estilos Cohab, CDHU ou Projeto Cingapura. Também não há essas casinhas feinhas do Minha Casa Minha Vida. Mesmo os prédios retos (sempre baixos) tem algum detalhe bonito, mesmo que sejam simples tijolos à vista. Outros encantam pela beleza. Essa é a exposição de devem levá-los a conhecer o museu.
Espero que passem por lá.