No final de agosto fui visitar a Aldeia Indígena do Rio Silveira em Bertioga, liderada pelo Cacique Adolfo. É a maior aldeia indígena do estado de São Paulo e fica em uma área de preservação ambiental. Essa foi uma aventura anterior ao apelido Indiana Dias, então resolvi manter o título que colocaria se não tivesse demorado tanto para postar.
Tímidos, mas acolhedores, esses índios vivem felizes em sua comunidade, onde o espírito de grupo prevalece sobre as posses individuais. Ainda assim há uma dicotomia entre os jovens que estão cada vez mais inseridos no mundo moderno e os costumes e valores passados pelos mais velhos. Cacique Adolfo diz que hoje as crianças que tem contato com o homem branco já conhece suas festas e costumes, seus meios de diversão e demandam presentes e mimos nas mesmas datas. É uma pena, não pela perda da inocência, mas porque mesmo o homem branco se incomoda e ter tomado esse caminho. O consumismo, ainda que muito forte, não nos tem tornado muito mais felizes.
Acho importante frisar que essa não foi uma visita cheia de sorrisos. Ainda que as crianças tenham se divertido conosco, os índios mais velhos preferiram ficar mais longe, com pouco contato. Demorou um pouco para eu perceber que nossa conduta era um pouco ofensiva, tratando-os como serem tão estranhos quanto animais de floresta. Sim, ao invés de compartilhar histórias (como fizemos com o Cacique Adolfo), chegamos olhando e tirando fotos. Eu não estaria confortável se estivesse do outro lado da lente e acredito que essa atitude tenha atrapalhado um pouco a visita. Em nova oportunidade agiria diferente.
O Rio Silveira é uma atração a parte na visita. Guiados por um jovem filho do Cacique, “desbravamos” uma trilha em mata fechada, enfrentamos um cobra (só passamos por ela, com a proteção do índio) e pudemos nos banhar no Rio. De água muito gelada, apena essa garota teve realmente coragem de entrar de corpo inteiro. Eu mesmo só molhei as canelas, mas deveria sim ter mergulhado. Dava para aguentar a temperatura.
Foi uma experiência única, um bate e volta muito rico. Pelos meus próprios erros, ao não me integrar corretamente com os membros da aldeia, poderia ter aproveitado muito mais, o que só dá ainda mais vontade de voltar ou conhecer outras tribos. É uma viagem curta, rápida e recomendada.
Não poderia terminar o post sem uma pensamento do Cacique Adolfo: “O homem branco quer áreas de preservação, porque passou a entender o valor da natureza. O índio precisa de mata preservada, por sua cultura e costumes. Por que não criar reservas indígenas com regras de preservação? Os índios viveriam nas reservas, não teriam direito de desmatar e ainda seriam responsáveis por fiscalizar o desmate clandestino. Não seria bom para ambos?”. Não sei ao certo a consequência desse pensamento (um parque é de todos, uma área demarcada é dos índios), mas entendo que tem seu valor.
Localizada no Sertao do Promirim, em area de Mata Atlantica, a aldeia e habitada pelo povo indigena Guarani onde hoje residem 43 familias, totalizando 182 pessoas de acordo com o cacique Altino.