Nesse feriado de aniversário da Proclamação da República decidi fugir de São Paulo e participar de mais uma aventura, conhecer as cachoeiras do Ribeirão de Itú, no bairro de Boiçucanga. São Sebastião, onde também fica a praia de mesmo nome, é um achado. Uma referência quando se fala em praia e ecoturismo.
Antes de mais nada é bom proteger bem a pele. Calças e mangas compridas, repelente e protetor solar. Esqueci de passar repelente nas mãos e cinco picadas depois uma delas já parecia uma laranja. O dia seguinte foi gasto no pronto-socorro e, mesmo estando com a reação alérgica controlada a médica estendeu o tratamento até o final de semana. Quem desfilou de bermuda sofreu dezenas de picadas.
O Ribeirão de Itú é um rio que desce a serra e deságua no mar, com uma água limpa e cristalina usada no abastecimento local. Por sua importância para a vila (ou bairro), toda sua mata ciliar é preservada e proporciona uma oportunidade extraordinária para estudos biológicos e turismo. Essa trilha que percorremos é monitorada, ainda que os moradores locais costumem acessá-la livremente para aproveitar as cachoeiras e pontos do rio propícios para o banho.
A trilha é muito bem organizada e feita de forma a reduzir o impacto ao meio ambiente. Na maior parte do trajeto temos apenas um metro e meio de espaço para andarmos, que é a medida máxima recomendável segundo nossos guias, ambos biólogos. Há muitos troncos grande caídos na mata por causa de rajadas de vento que ocorrem com frequência no lugar. A serra acaba limitando o movimento das massas de ar, que se chocam no local causando mal tempo. Foi um dia nublado, com um pouco de garoa e bem gostoso para trilha. Em São Paulo, pelo que ouvimos, estava um caldeirão.
A trilha tem muitos pontos para travessia do rio, cuja água é fria sem incomodar. Os pontos de travessia continham muitas pedras, mas não entendi se fazem parte, naturalmente, do rio ou foram colocadas para nós. Elas eram pouco gastas e recortadas, pareceu mais um cuidado com nossa segurança. Cai em uma das travessias e tive dificuldade para me levantar por querer proteger a câmera. Ralei canela, joelho e braços (ou seja, um ótimo dia). É mais uma lição para levar na ao Monte Roraima, onde irei no Carnaval de 2016.
A diversidade da vegetação impressiona, porque não é um local de reflorestamento. Dá a impressão que cada árvore ou moita é de um tipo diferente, como se os semelhantes decidissem morar longe. Encontramos algumas frutas no caminho, que não consumimos e um raiz bem legal que tinha gosto de batata crua. O formato dos troncos também eram divertidos, com um em particular que estava em “L”. Esse era perfeito para tirar fotos.
Tivemos oportunidade de ver duas cachoeiras e nos banhar antes de ir embora. Os enquadramentos não ajudaram muito, mas as cachoeiras não era pequenas. Uma delas, a primeira (da Hidromassagem) até me impressionou. A água cai com tanta força que nesse ponto o rio fica profundo e só pudemos admirar, por causa do risco de afogamento. A última que visitamos, ao lado, foi onde paramos para descansar na água. Entrei de roupa e tênis, pois já estava molhado, e foi engraçado me sentir bem pesado ao sair.
Antes do almoço tentamos subir um morro para ver a praia do alto, só que o tempo nublado atrapalhou a vista e desistimos na metade do caminho. Deveríamos ter arriscado para ver um pouco mais de verde, mas a fome já estava nos consumindo. Comi um belo peixe em um restaurante na beira do praia, uma banana flambada e então fomos andar na areia fofa antes de voltar para casa. É um lugar que vale passar um final de semana.