Uma das mais belas e desafiadoras trilhas do Brasil, a Travessia Petrópolis x Teresópolis cruzou meu caminho de uma maneira que se repete desafio a desafio, Carol colocou pilha. Estávamos em um jipe, participando de uma expedição ao Monte Roraima, quando Laila Galetti, da Mantra Adventure, comentou sobre a travessia. Na hora Carol se interessou e ficou esperando minha resposta. Entre a expedição e essa travessia algum tempo se passou, inclusive a estação do ano. Passamos do verão para o outono, o frio chegou, mas só os banhos gelados assustaram.
A travessia se dá pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no estado do Rio de Janeiro, tem cerca de 30 Km e pode ser percorrida em três dias, acampando duas noites no parque. As noites de lua cheia não permitiram tirar fotos da Via Láctea, mas o brilho da lua permitiu que o grupo compartilhasse melhor os momentos juntos. Reparei que não usamos tanto as lanternas dessa vez.
Começando por Petrópolis caminhamos por cerca de 7 horas (não marquei no relógio, pode ser um pouco mais ou menos) até o Castelo do Açu, uma espécie de caverna com um teto estrelado para que possamos aproveitar o céu. Esse trajeto tem uma variação de altitude de cerca de 1000 metros, extremamente cansativo. Tentei manter o ritmo de Alan Muller, no guia local, mas aos poucos fui reduzindo o passo até parar totalmente e esperar o próximo grupo. Todos reunidos, descobri que faltava apenas uma curva para encontrar o pessoal da frente. Ainda assim a parada valeu, pois subir com mochila é sofrido.
No segundo dia foi a vez de chegar à Pedra do Sino e tivemos que atravessar muitos vales. Não era um vale longo, eram muitos vales. Sobe montanha, desce montanha, atravessa o vale, sobe outra montanha, desce, atravessa, … Muito esforço físico, coxas queimando na subida, joelhos doendo da descida e todo muito sorrindo. É tudo muito bonito e divertido, parece que os participantes foram escolhidos pelo bom humor. No meio do caminho, pausa na caminhada para enfrentar o medo de altura, passar pelo Cavalinho. Claro que não estava calmo, mas seis meses atrás teria travado. Agradecimentos à Sonia Curralo e o rapel que fizemos na Pedreira do Dib.
O último dia foi apenas de descida, ainda assim não é tão fácil. Ela começa bem tranquila, com alguma mata, e aos poucos parece uma estradinha de chão de terra, duro. Mais adiante aparecem pedras que deixam os tornozelos loucos. Quem já caminhou no Itatiaia sabe do que falo. É complicado se equilibrar e o grupo com quem desci, Carol e Heloisa, tinham um ritmo muito mais rápido do que o meu. Não gosto de acelerar nessas pedras e a câmera balançando atrapalha ainda mais. É um caminho com cachoeira, pontes e muito verde. Só ele valeria uma viagem.
No final ficou o sentimento de quero mais e já comecei a planejar um próximo passeio. Agulhas Negras já estava nos planos, mas agora devo também subir o Pão de Açúcar. Dessa vez terá até um pedaço de escalada. Uau!