A Soma de Todos os Medos

DCIM110GOPROMedo de altura não combina com queda livre e nem com salto de paraquedas, mas foi isso que fiz nesse domingo. Para coroar esse período no qual resolvi enfrentar esse pavor de altura, nada como subir centenas de metros e pular de um avião em movimento. Ainda me lembro da última vez que andei de teleférico, segurei a barra onde a cadeira ficava pendurada tão forte que minha mão ficou suja com a tinta da barra. Estava com muito medo de cair. Deixei de fazer muita coisa na vida por causa do medo, inclusive nadar. Eu me lembro de precisar pular na piscina durante uma aula de natação e não consegui porque olhava para o fundo e sentia vertigem. Fui desanimando e abandonei.

_MG_6736O salto foi idéia da Sônia Curralo, que conheci no Parque das Neblinas e me levou para o primeiro rapel, e foi adiado por muitos meses. Deveríamos ter saltado em abril para comemorar seu aniversário, mas de desculpa em desculpa fomos deixando para atrás. Eu fui deixando, pois ela sempre tentava marcar e, claro, eu estava ocupado. Não me ocupava de propósito, fiz várias trilhas legais, mas nunca gastava tempo para pesquisar ou ao menos pensar no salto.

_MG_6666Não dá para fugir para sempre e dessa vez, quando Sônia falou no salto, procurei fechar. Se bem me lembro, dei até uma enrolada, mas tinha que ocorrer. Estava até me sentindo culpado por ela adiar o salto sempre que eu não podia. Diferente do primeiro rapel, não fiquei nervoso nos dias anteriores e a ficha só foi cair quando fomos chamados para colocar o macacão. Eu parecia aqueles patos de tiro ao alvo que vemos nos desenhos animados, andando de um lado para outro tentando controlar a ansiedade.

_MG_6654Ainda que ansioso, me sentia bem mais calmo do que esperava. Minhas mãos tremiam de leve, nem de longe a batedeira que costumam ser. Sorri o tempo inteiro, mas no vídeo que passaram após o salto dá para ver minha cara de apavorado em vários instantes. Quanto mais o avião subia, menos calmo ficava. Na hora de ir para a porta do avião, tentei frear o instrutor (foi um salto duplo), mas não teve jeito. Fomos à porta, fiz tudo errado (ele ficou corrigindo meus pés na boca do gol) e logo saltamos. Me encolhi um pouco, o instrutor até puxou minha cabeça para cima, mas deu tudo certo. A sensação é incrível, tanto na queda livre quanto voando com o paraquedas. Me diverti muito, fiz giro de 360 graus para os dois lados, gritei como uma criança e ao chegar no chão tive a impressão que o salto foi muito curto. Acho que passaria muito mais tempo voando e até em queda. Agora é me preparar para uma aula de escalada em rocha porque esse é o ano em que o medo de altura vai parar de rugir e passar a ronronar. E 2017 deve ser um ano bem aquático, aguardem.

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