Ainda assustado com o Pico dos Marins (não deveria ter sido mais fácil?) e com lembranças da doída Pedra da Mina (pedra má!), voltei ao Alto Capim Amarelo. Na primeira vez que subi ao cume deu muita coisa errada, pegando um clima tão ruim que apenas nosso grupo não cancelou a trilha. Não vimos horizonte, mar de nuvens ou céu estrelado, apesar de ter conhecido pessoas divertidíssimas e ter ganhado o apelido de rabugento.
Dessa vez o tempo prometia chuva leve, ainda que tenha durado mais do que eu esperava. A câmera ficou muito tempo na mochila, mas estava estreando uma GoPro. Faltou jeito, mas descobri que as fotos saem melhor do que aparentam no visor. Nada espetacular por falta de jeito, mas adorei o brinquedo. Na próxima trilha pesada vou arriscar e levar apenas GoPro e celular.
Não me lembrava da subida ser tão dura, mas acho que estou fora de forma e com muito peso desnecessário. A mochila em si é parruda, uma Deuter reforçada, mas pesada. Estava com mais água do que realmente precisava, agasalho, calça extra e comida para dividir com Mayra, a namorada radical. A próxima subida será mais leve.
Conheci uma galera sensacional e revi alguns amigos de trilhas. A animação da galera e a ajuda mútua valeram porque a subida em si foi com um visual fechado e o cansaço faz com que os pensamentos negativos apareçam. Me peguei novamente com dúvidas sobre o que estava fazendo ali. Baita perrengue sem visual e nem fotos? Qual é a graça?
No cume teve livro (da outra vez tinha sido retirado por estar cheio), celebração e visual belíssimo. O Sol estava de um lado e a Lua do outro, com as nuvens dançado à frente deles como um véu encobrindo e descobrindo os astros. Lembrei do Feitiço de Áquila e fiquei imaginando que nesse sábado esses amantes não iriam se encontrar.
Teve muito papo, comida boa e fomos dormir cedo, como em todo acampamento frio. Não foi fácil pegar no sono porque nossa barraca estava em um terreno meio torto (torto meso, não apenas inclinado). Eu escorregava para cima da Mayra e ficava com medo de acordá-la. Ela por sua vez também não dormiu bem. Entre cochilos, papo e música (Mayra me ensinou A Velha a Fiar), resolvemos sair da barraca por volta das 2h da madrugada. O céu estava bonito, com algumas estrelas. Voltei à barraca logo e no dia seguinte vi fotos da Via Láctea. Rodrigo acordou por volta das 5h, depois da Lua se por (quem pensa nisso?) e conseguiu fotografar aquele céu dos sonhos. Aprendi algo.
A volta foi com tempo aberto, um pouco quente sem castigar. A descida foi cruel com Mayra, que sentiu bastante e ficou meio desanimada. Dessa vez meu joelho nem reclamou e me sobraram apenas algumas dores musculares. Fui embora quase desistindo de fazer a Serra Fina, mas no momento que escrevo esse blog, já fazendo a conta do que não levarei para a trilha, já mudei de idéia novamente. Bora continuar a preparação.